DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS PARA AUTISMO INFANTIL

20-11-2010 08:52

Autismo - CID-10
ANEXO II: DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS PARA AUTISMO INFANTIL (F84.0)
(CID-10i) (WHO, 1992) (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE)
Transtorno invasivo do desenvolvimento definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometido em todas as três áreas de interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo.

Manifesta-se antes dos três anos de idade e ocorre três a quatro vezes mais freqüentemente em meninos.
a) Comprometimentos qualitativos na interação social recíproca:
- Apreciação inadequada de indicadores sócio-emocionais, como demonstrada por uma falta de respostas para as emoções de outras pessoas e/ou falta de modulação do comportamento de acordo com o contexto social;
- Uso insatisfatório de sinais sociais, emocionais e de comunicação e, especialmente, uma falta de reciprocidade sócio-emocional;
b) Comprometimentos qualitativos na comunicação:
- Falta de uso social de quaisquer habilidades de linguagem que estejam presentes;
- Comprometimentos em brincadeiras de faz-de-conta e jogos sociais de imitação;
- Pouca sincronia e falta de reciprocidade no intercâmbio de conversação;
- Pouca flexibilidade na expressão da linguagem e uma relativa ausência de criatividade e fantasia nos processos de pensamento;
- Falta de resposta emocional às iniciativas verbais e não-verbais de outras pessoas;
- Uso comprometido de variações na cadência ou ênfase para refletir modulação comunicativa e uma falta similar de gestos concomitantes para dar ênfase ou ajuda na significação na comunicação falada.
c) Padrões de comportamento, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados:
- Tendência a impor rigidez e rotina a uma ampla série de aspectos do funcionamento diário, usualmente isto se aplica tanto a atividades novas quanto a hábitos familiares e a padrões de brincadeiras;
- Particularmente na primeira infância, pode haver vinculação específica a objetos
incomuns, tipicamente não-macios;
- Pode insistir na realização de rotinas particulares e rituais de caráter não-funcional;
- Pode haver preocupações estereotipadas com interesses tais como datas, itinerários, ou horários;
- Freqüentemente há estereotipias motoras; um interesse específico em elementos não-funcionais de objetos (tais como o cheiro e o tato);
- É comum e pode haver resistência à mudança na rotina e em detalhes do meio ambiente pessoal (tais como as movimentações de ornamentos ou móveis da casa).
Além dos aspectos diagnósticos específicos descritos acima, é freqüente a criança com autismo mostrar uma série de problemas não-específicos, tais como:
- Medo /fobias, perturbações de sono e alimentação, ataques de birra e agressão;
- A autolesão (p. ex. morder o punho), é bastante comum, especialmente quando há retardo mental grave associado;
- A maioria dos indivíduos com autismo carece de espontaneidade, iniciativa e criatividade na organização de seu tempo de lazer e tem dificuldade em aplicar conceitualizações em decisões de trabalho (mesmo quando as tarefas em si estão à altura de sua capacidade). A manifestação específica dos déficits característicos do autismo muda à medida que as crianças crescem, mas os déficits continuam na vida adulta com um padrão amplamente similar de problemas de socialização, comunicação e padrões de interesse.
Todos os níveis de QI podem ocorrer em associação com o autismo, mas há um retardo mental significativo em cerca de três quartos dos casos.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE – Classificação dos transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas.

Porto Alegre, Artes Médicas, 1993.