Carlos Felipe tem sonhos

24-11-2010 07:06

Carlos Felipe quando está mais tranquilo (início da noite) gosta de escrever. Em um momento singular de sua vida, aos 26 anos, escreveu sobre o sonho de ser um Cineasta. O texto que escreveu conta com detalhes este sonho: como seriam os seriados que criaria, suas histórias e criações, suas impressões sobre os temas, o que aprenderia com esta experiência de vida, sua relação com o público e a crítica e sobre o enorme prazer da CINEMATOGRAFIA IMAGINÁRIA. De tão lúcido e sonhador, ao lê-lo  sonhamos com ele e experimentamos uma sensação indescritível de prazer.

O seu sonho ganhou o título:

 

"CARLOS FELIPE, LIDER ABSOLUTO DOS CINEMATOGRÁFICOS"

Carlos Felipe pertence a uma geração de cineasta sem nunca perder a atualidade até hoje. Uma das principais preocupações que Carlos transmite aos roteiristas e desenhistas no seu estúdio é a de rechear as histórias com fotos ligadas à época em que são publicadas.

É fácil encontrar no mundo três gerações de fãs, os avôs que viram o sucesso cinematográfico de Carlos transmitiriam esse hábito aos filhos que por sua vez o repassaram aos seus filhos e assim continuará.

Esse é o legado do pai de 20 seriados. É melhor ficar só nestes, pois sua galeria é enorme, disparada a maior de um cineasta amador de tom profissional, grande e intelectual.

Mesmo sendo de longe o autor de seriados criativos da geração jovem no Brasil de todos os jovens Carlos não escapou de críticas como a de que o seu trabalho é comercial. Ele lida com as opiniões contrárias e prossegue em sua vitoriosa carreira.

A verdade é que quando começou a trabalhar com seriados optou por uma linha mais popular e consequentemente comercial. Foi uma decisão pensada! E não há pecado nisso ao contrário são nesses seriados que se formam os espectadores que mais tarde migrarão para outros gêneros.

A verdade é que Carlos Felipe conseguiu a rara proeza de fazer do seu hobby e da paixão pelos roteiros um meio de ganhar a vida.

Carlos Felipe percebeu que não queria mais ser apenas um analista. Queria criar textos, roteiros, títulos e episódios com elenco de uma ou mais pessoas. Sua primeira iniciativa foi a de treinar para desenvolver um traço acima de tudo simplificado, mas que transmitisse seu recado. Com o tempo, nos intervalos entre uma reportagem e outra, Carlos foi tendo oportunidade de publicar alguns de seus sucessos. Segundo suas palavras seu traço era meio parecido com o atual, apenas um pouco mais grotesco, mas era cômico.

Foi nessa fase que Carlos adquiriu rapidez e passou a desenvolver um estilo cada vez mais simples de traço. Carlos viu que a realidade pouco tinha a ver com os finais sempre felizes dos seriados desse gênero. O aprendizado cinematográfico lhe rendeu lições que aplicou também.

Suas criações já possuíam uma enorme porção de personagens comediantes e infantis. Seus primeiros textos tinham um estilo mais pomposo e, para sua decepção, todos os textos direitos (corretos) voltavam para serem reescritos de forma mais sucinta, com menos adjetivos e indo direto ao assunto. Carlos admite que essa experiência foi fundamental para desenvolver a narrativa rápida que adota até hoje nos seus seriados.

Uma paixão que não começou agora marcou a sua bela ocupação e perdura até hoje. Quem vê hoje o enorme sucesso dos seus personagens nem imagina o quanto Carlos trabalhou para chegar a este ponto. E pensar que houve até quem o aconselhasse a desistir da carreira de cineasta porque não dava futuro.

Carlos Felipe também elenca as histórias, os personagens e os seus autores de episódios. Para se ter uma idéia de como Carlos Felipe já dava grande valor aos seus episódios ele já demonstrava predileção pelas histórias bem escritas com roteiros mais elaborados. Gostava também das que traziam uma pitada de humor, de sátira. Os textos óbvios também lhe chamavam a atenção, mas não eram determinantes para conquistá-lo. Prova disso é que raros sucessos como filmes verdadeiros e chatos, imortalizados por traços belíssimos não o encantavam apesar do seu reconhecimento e sua pouca colher de chá para isso.

Cada vez que comprava uma nova edição Carlos lia sempre primeiro as histórias que mais gostava. Quando o assunto era ficção científica, porém a predileção de Carlos recaia cujos roteiros mesclavam pesquisas científicas então atuais, com uma deliciosa ficção.

Para Carlos Felipe os Super Heróis representam a fantasia infantil de possuir poderes de voar, de salvar o mundo. Para o autor é o lado criança do espectador que o faz gostar desses personagens admirá-los  mesmo quando as histórias têm um teor adulto, o que passou a ser uma tendência.

O conceito de Carlos sobre os Super Heróis se reflete inclusive em seu trabalho. Os seriados são feitos justamente para divertir o povo. Segundo Carlos, apesar de conter algumas cenas fortes não havia restrição de faixa etária. Entendia-se que os pequenos espectadores compreenderiam o que estavam vendo à sua maneira e suas dúvidas seriam esclarecidas com o tempo naturalmente sem grandes conseqüências. O autor lembra que assistia aos filmes de comédia e infantil com os olhos de uma criança e só depois de crescido passou a entendê-los de outra forma. Pena que não havia a mesma complacência das autoridades com os seriados.

Em todas as entrevistas que concede Carlos invariavelmente ressalta que os quadrinhos lhe proporcionaram tudo o que conquistou, mas talvez o bem mais valioso e não contabilizável que adveio da sua paixão pelos seriados e roteiros foi o hábito da visão.

Carlos não apenas consolidou sua posição de líder absoluto dos cinematográficos imaginários, ainda Carlos é um dos poucos cineastas de seriados que viraram uma personalidade mundial em função dos seus filmes hilários e ele adora isso e ao contrário gosta deste contato e vibra está rodeado por fãs de todas as idades, tanto que as filas para seus autógrafos são gigantescas porque ele não abre mão de fazer um filme para cada pessoa. O que evidentemente, consome mais tempo”.